Comemoração

Exposição

Festa no Abrigo 1 resgata laços e histórias

Imagina a alegria de uma pessoa em poder comemorar o aniversário com toda a pompa, badalação e animação típica da abertura de uma vernissage.

Foi essa experiência vivenciada por seis acolhidos que estão no Acolhimento para Adultos e Famílias em Situação de Rua, mais conhecido como Abrigo 1, na tarde desta terça-feira (29).

O espaço uniu a abertura da exposição do painel muralista pensado pela artista plástica Luiza Ângela da Cunha Souza, que assina como Lacunha, que contou com a participação de usuários do Abrigo 1, e com a celebração dos aniversariantes do mês que estão no acolhimento.

Ao todo, seis usuários aniversariam neste mês de agosto.

Um deles foi Emerson de Souza Bicalho Junior, que celebrava a chegada dos 42 anos.

Para ele, a data estava marcando o resgate dos laços afetivos perdidos há dez meses, tempo em que passou a viver em situação de rua, empurrado para fora do convívio familiar por conflitos familiares gerados pelo consumo excessivo de álcool e outras substâncias psicotrópicas. 

Quando perguntado como poderia estar feliz na condição de pessoa em situação de rua, distante da família e morando num abrigo, Emerson abriu um imenso sorriso e fez questão de listar os motivos para tal.

"Participei da produção do painel; vou passar por tratamento bucal; voltei a estudar aqui dentro. Agora, falta uma matéria para concluir o segundo grau (o ensino médio).

Estou prestes a entrar no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), consegui o benefício municipal Vix Mais Cidadania e o Bolsa Família e voltei a conviver com minha sogra que me liga e minha mãe também". 

Estes, segundo Emerson, já seriam suficientes, mas ele quis relatar mais sobre o seu dia a dia dentro do abrigo 1 para justificar sua alegria.

"O trabalho do Abrigo é tirar da rua, dar oportunidade de trabalhar nossas fraquezas. Eu estou tendo essa oportunidade. Estou entendendo que posso criar novos vínculos, fazer novos amigos e ter um horizonte", comentou ele.

Emerson acrescentou que o mais importante de tudo, para ele, nesse aniversário, era "ser visto como ser humano, como cidadão.

Eles (a equipe do Abrigo) estão me ajudando a ver a vida com novos olhos, nova perspectiva". Com boa oratória e vocabulário, despertou o interesse em saber um pouco mais sobre suas vivências.

"Eu era vendedor de telecom (telecomunicações). Nas ruas tem muitos talentos enterrados", disse Emerson.

A pergunta seguinte não poderia ser outra a não ser, quais talentos Emerson havia enterrado! "Para o trabalho.

Gostava de trabalhar na área de telecomunicações, mas queria agregar mais qualificação para trabalhar na área de radiologia. Pretendo seguir nessa linha de pensamento.

A vida é um aprendizado. A rua é uma escola dura. É preciso se enxergar por dentro, ver que temos direito de ser feliz e optar por coisas boas", disse ele.

Ao ouvir o relato do acolhido, o coordenador do Abrigo 1, Rodrigo Trindade, destaca que " o Abrigo I, não é apenas um lugar que oferta um local adequado para dormir e uma alimentação de qualidade.

Trata-se de um acolhimento institucional inovador com uma jornada pedagógica integrada voltada para dar dignidade e promover uma efetiva ressocialização dos acolhidos". 

Trindade acrescentou que "é um lugar de possibilidades e oportunidades todas as histórias são respeitadas e contextualizadas a partir de cada sujeito fazendo parte da construção do novo projeto de vida". 

Para a gerente de Proteção Social Especial de Alta Complexidade, Anacyrema Silva, a política de Assistência Social voltada para a pessoa em situação de rua baseia-se na construção de vínculos, sendo um trabalho pautado no respeito à subjetividade de cada usuário, fundamentado na garantia de direitos e o respeito à dignidade humana.

Anacyrema faz questão de ressaltar que, para muitos, os resultados podem não ser visíveis, mas, para os trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (Suas), relatos como esse representam que intervenções pautadas em medidas que façam sentido tanto para os usuários quanto para os profissionais de atendimento, tendo como foco às necessidades individuais e coletivas dos assistidos, bem como, sua qualidade de vida, corroboram para a superação da situação de vulnerabilidade social.

A secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, que esteve presente nas comemorações, ao ouvir o relato do usuário, resumiu sua fala: "O trabalho da Assistência Social transforma vidas. Emerson é um grande exemplo do papel, da importância, da contribuição e imensa responsabilidade dos trabalhadores do Suas Vitória na garantia de direitos e consolidação das políticas públicas da Assistência Social", disse ela.

Fonte: Site Prefeitura de Vitória

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