Foi sancionada pelo presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e publicada no Diário Oficial da União (DOU) a Lei 14.668, de 2023, que concede a São Luís o título de Capital Nacional do Reggae.
A norma é oriunda do projeto (PL) 81/2020, do deputado Bira do Pindaré (PSB-MA), que foi aprovado pela Comissão de Educação e Cultura (CE) em 8 de agosto, com relatório do senador Cid Gomes (PDT-CE).
Cid Gomes observou que, o reggae, gênero musical nascido na Jamaica no final dos anos 1960 e rapidamente difundido pelo mundo, tem um "inegável e contagiante vigor artístico, tanto na melodia, no ritmo e nos arranjos como nas letras".
Desde sua origem, ressaltou o senador, o reggae esteve vinculado à expressão da vida da maioria da população da Jamaica e "à ânsia de transformação, associada à promoção do igualitarismo, da negritude e do anticolonialismo".
O movimento musical teve grande repercussão no Maranhão a partir dos anos 1970, em especial pelos moradores da ilha de São Luís.
Há hipóteses de que o reggae tenha chegado pelas ondas de rádio emitidas do Caribe, ou por marinheiros que, descendo no porto, traziam discos para São Luís.
O relator observou que houve uma inesperada empatia entre o ritmo e a população maranhense, essa mesma que desenvolveu formas poderosas de arte popular, como o bumba-meu-boi e o tambor de crioula.
"Não há dúvida de que a origem africana, transformada em moderna expressão afrocaribenha, foi um fortíssimo fator que impulsionou essa convergência do reggae com o povo do Maranhão, com sua elevada participação de afrodescendentes", destacou Cid Gomes no relatório.
Museu do Reggae
Chegando ao Maranhão, o reggae foi passando por transformações culturais que lhe deram feição peculiar, como registrou Cid Gomes.
Seja pelo jeito de dançar reggae agarradinho, em pares que se enlaçam, que é único no mundo, seja pela presença tão difundida das radiolas que são verdadeiras paredes de caixas de som montadas nas ruas e em outros espaços abertos seja, por fim, pelo surgimento de bandas, como a pioneira Tribo de Jah, em atividade desde 1986, chegando até a Orquestra Maranhense do Reggae disse o senador, na votação da proposta.
Cid Gomes afirmou ainda que, visto inicialmente com preconceito pela cultura oficial, o reggae conquistou espaços a partir da periferia de São Luís e se tornou uma das marcas inconfundíveis da cidade, ao mesmo tempo que se espalhava pelo interior do estado.
Temos hoje, no centro histórico da capital, o Museu do Reggae Maranhão, único museu do gênero fora da Jamaica, visitado por dezenas de milhares de pessoas a cada ano.