O cenário não poderia ser melhor para a etapa decisiva do Circuito Mundial de Surfe, que definirá os últimos dois classificados para o Finals, em setembro, em Trestles (EUA).
Será na famosa esquerda tubular de Teahupo´o, no Taiti, Polinésia Francesa, que os melhores surfistas do mundo começam, a partir desta sexta-feira, dia 11, com janela até o dia 20, a disputa das primeiras baterias. E muita coisa estará em jogo, principalmente para os brasileiros.
Serão cinco representes da Brazilian Storm na água. Três deles estão na briga direta por um lugar na última etapa do circuito e para se manterem com chances de vaga olímpica.
Com Filipe Toledo, líder do ranking, já garantido no Finals e nos Jogos Olímpicos, João Chianca (4º lugar no ranking), Yago Dora (5º) e Gabriel Medina (6º) duelarão entre si para chegar na Califórnia e manter o sonho olímpico aceso. Além deles, Caio Ibelli (17º) também estará na competição. Ítalo Ferreira, lesionado, não participará.
Quem tem a situação mais confortável entre os brasileiros é João Chianca, que só precisa passar pela primeira bateria para garantir vaga no Finals. Competindo pela primeira vez na carreira em Teahupo´o, ele enfrentará o sul-africano Jordy Smith e o francês Kauli Vaast.
“Estou me sentindo muito bem para o campeonato. O ano foi de muitas novidades para mim. Praticamente, estou vivendo tudo pela primeira vez. Vai ser minha primeira vez competindo no Taiti, um lugar que eu sempre sonhei conhecer. Ano passado esse lugar mudou minha vida depois de uma baixa na minha carreira e, hoje, estou tendo oportunidade de vir para cá com um objetivo muito maior. Amo essa onda, amo esse lugar que me faz sentir muito à vontade”, afirmou Chianca, que em 2022 foi eliminado do tour no meio da temporada, mas não perdeu a chance de ir ao Taiti para treinar e pegar belas ondas.
Ele avaliou também a disputa acirrada entre os surfistas brasileiros por uma vaga olímpica. “Estou tendo a oportunidade de brigar pela vaga olímpica, que é algo que não passava pela minha cabeça nos últimos quatro anos. Os Jogos Olímpicos nessa onda vai ser um momento muito gigantesco para o surfe. É uma oportunidade incrível em nossas vidas, mas ainda tem um trabalho a ser feito. Não é uma vaga fácil, o que só mostra o quanto o nosso país é talentoso. Acredito que os nossos representantes que forem para esses Jogos Olímpicos serão de maneira justíssima, porque disputaram o ano todo, literalmente”, analisou o surfista de 22 anos, natural de Saquarema (RJ).
A etapa final do tour será disputada por cinco surfistas. Além de Filipinho, já estão garantidos Ethan Ewing, da Austrália, que se machucou nos treinos e não disputará Teahupo´o, e Griffin Colapinto, dos Estados Unidos.
Yago Dora, quinto colocado no ranking mundial, é o brasileiro com mais chances de entrar, mas o tricampeão mundial Gabriel Medina está na cola dele. O histórico, porém, favorece Medina, que entre 2014 e 2019 foi campeão duas vezes, três vezes vice e ainda levou um terceiro lugar. Já Yago competiu em Teahupo´o em três ocasiões e tem como melhor resultado um quinto lugar em 2022.
No feminino, Tati Weston-Webb está na oitava colocação do ranking e tem chances remotas de alcançar o Finals.
A brasileira, porém, é presença garantida em Teahupo´o no ano que vem nos Jogos Olímpicos.
“Teahupoo é uma onda bem diferente, pesada e temos que estar fisicamente bem e muito confiantes a cada remada para entrar nesse tubo e sair. Esse é o principal objetivo dessa onda.
Tenho que estar preparada para o que vem pela frente”, afirmou Tati, que espera aproveitar a experiência para ganhar mais confiança para os Jogos Olímpicos de 2024.
“Eu achei que em Tóquio seria uma coisa e não aconteceu. Então, não estou criando muitas expectativas.
A mentalidade que estou criando é de que estou no lugar que tinha que estar. Sei que já estou classificada e que, quando chegar o momento, estarei preparada física e mentalmente. Sinto que evolui bastante e isso é muito importante para chegar preparada para o grande momento no ano que vem”, disse a surfista.
A etapa de Teahupo´o é decisiva para definir os cinco atletas que irão para o Finals, a última etapa da WSL, na praia de Trestles, em San Clemente, California (EUA), mas também quem seguirá com chances de classificação olímpica para 2024.
Filipe Toledo, no masculino, e Tatiana Weston-Webb, no feminino, já são nomes confirmados. João Chumbinho (4º lugar no ranking), Yago Dora (5º) e Gabriel Medina (6º) disputam a segunda vaga.
O Brasil pode ainda ter um terceiro atleta caso seja campeão por equipe no ISA Games do ano que vem, em Porto Rico.
A preparação brasileira para o evento em Teahupo´o está sendo apoiada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que montou uma estrutura com diversos serviços de performance em uma pousada da região como teste para os Jogos Olímpicos de 2024.
Primeiras baterias dos brasileiros em Teahupo´o:
Yago Dora x Kelly Slater (EUA) x Ian Gentil (HAV)
João Chianca x Jordy Smith (AFS) x Kauli Vaast (FRA)
Caio Ibelli x Griffin Colapinto (EUA) x Mihimana Braye (TAH)
Filipe Toledo x Liam O´Brien (AUS) x Matahi Drollet (TAH)
Gabriel Medina x Barron Mamyia (HAV) x Seth Moniz (HAV)