O Projeto de Lei (PL) 487/2023, do deputado Coronel Weliton (PTB), declara a trova como patrimônio cultural de natureza imaterial do estado.
Composição poética composta de quatro versos de sete sílabas cada, com rima e sentido completo, obras de trovadores capixabas são pesquisadas desde 1951 em estudos realizados por pesquisadores como Hermógenes Fonseca, Guilherme Santos Neves e Clério José Borges.
Os versos da expressão poética podem ser lidos, cantados ou falados, destacando-se, entre os trovadores expoentes, Mestre Pedro de Aurora (Conceição da Barra), Antônio Ribeiro e Clarício Machado (região de Maruípe, em Vitória) e Lauro Santos (São Mateus).
A expressão cultural é divulgada formalmente no estado desde julho de 1980, por meio do antigo Clube dos Trovadores Capixabas (CTC), atual Academia Capixaba de Letras e Artes de Poetas Trovadores, que foi fundada em novembro de 2017 e que promove reuniões na cidade de Vila Velha.
Na iniciativa, o deputado destaca que todo trovador é poeta, mas nem todo poeta é trovador, pois para esse tipo de manifestação é preciso saber metrificar, fazer versos medidos.
Folia de Reis
O deputado destaca ainda como expoentes desse tipo de manifestação cultural os cantadores Antônio Bino e Manoel Rufino dos Santos, com suas trovas cantadas e apresentadas na Folia de Reis de Muqui. Há ainda registros de trovas nas cantigas do folclore infantil teuto-capixaba em Rio Bonito e Santa Leopoldina, em 1963.
No Concurso Estadual de Congos, realizado em 5 de setembro de 1951, em Vitória, há trovas apresentadas nos registros do Ticumbi de Conceição da Barra, do Congo São Benedito, de Caieiras Velha (Aracruz), e do Congo São Pedro, de Jacaraípe (Serra).
No texto, o parlamentar também relata que, em 1964, o mestre José Pedro Lino, da Marujada São Paulo do Morro dos Alagoanos recitava trovas em festas populares em Vitória.
Além disso, há registros da expressão literária e musical em apresentações da Banda de Congo de Mulembá, hoje bairro Santa Marta, em Vitória. A banda foi fundada em 30 de março de 1945 pelo mestre Alarico de Azevedo e sua esposa Cecília Rosa Azevedo é hoje é conhecida como Banda de Congo Amores da Lua.
O deputado acrescenta que, em 1951, havia um programa denominado “Penedo Vai, Penedo Vem”, transmitido pela Rádio Espírito Santo, que apresentava trovas em apresentações de Terno de Reis, cantigas de roda infantis, marujada e Reis de Boi.
O PL 487/2023 será analisado preliminarmente pelas comissões de Justiça, de Cultura e de Finanças, antes de votação no Plenário.
Acompanhe a tramitação do PL 487/2023.