Pelo menos 168 milhões de crianças são vítimas de trabalho infantil, de acordo com a estimativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), divulgada nesta segunda-feira (12), Dia Internacional contra o Trabalho Infantil.
A Organização Internacional do Trabalho também denuncia que mais de 20 em cada 100 crianças entram no mercado de trabalho por volta dos 15 anos.
O Dia Mundial contra o Trabalho Infantil é celebrado sob o lema "Justiça social para todos - Acabem com o trabalho infantil!” e visa impulsionar o combate à prática que afeta crianças em todo o mundo.
A ONU afirma que a “experiência conjunta no combate ao trabalho infantil ao longo das últimas três décadas demonstrou que o trabalho infantil pode ser eliminado, se as causas profundas forem abordadas”.
“Mais do que nunca, é urgente que todos nós contribuamos para trazer soluções para os problemas diários das pessoas, e o trabalho infantil é – possivelmente – o mais visível desses problemas”, denuncia a organização, acrescentando que este é o momento “para demonstrar que a mudança pode ser alcançada quando a vontade e a determinação se unem e fornecem um impulso para que os esforços sejam acelerados numa situação de grande urgência”.
Nas últimas duas décadas, segundo a ONU, o mundo tem feito progressos constantes na redução do trabalho infantil.
Mas com os conflitos e as crises dos últimos anos e ainda a pandemia de covid-19, mais famílias ficaram na pobreza, o que obrigou "milhões de crianças a trabalhar".
"O crescimento económico não tem sido suficiente, nem suficientemente inclusivo, para aliviar a pressão que muitas famílias e comunidades sentem e que as leva a recorrer ao trabalho infantil", referem as Nações Unidas.
Hoje, 160 milhões de crianças ainda estão envolvidas em trabalho infantil. Isso é quase uma em cada dez crianças em todo o mundo. É no continente africano que a porcentagem é maior, estimando-se que sejam vítimas de trabalho infantil mais de 72 milhões crianças. As regiões da África e da Ásia e do Pacífico juntas respondem por quase nove em cada dez crianças em situação de trabalho infantil em todo o mundo. (...)
Em termos de incidência, 5 por cento das crianças estão em situação de trabalho infantil nas Américas, 4 por cento na Europa e Ásia Central e 3 por cento nos Estados Árabes".
E apesar de a porcentagem de crianças em situação de trabalho infantil ser maior em países pobres, os números são superiores em países mais desenvolvidos, de rendimentos médios.
"As estatísticas sobre o número absoluto de crianças em situação de trabalho infantil em cada faixa de renda nacional indicam que 84 milhões de crianças em situação de trabalho infantil, o que representa 56 por cento de todas as crianças em situação de trabalho infantil, vivem de facto em países de renda média e outros dois milhões vivem em países de alta renda".
Dainte destes números, a Organização Internacional do Trabalho defende a criação de uma Coligação Global por Justiça Social, tendo como prioridade a eliminação do trabalho infantil. O Gabinete de Direitos Humanos das Nações Unidas ressalta que, a nível global, 50 milhões de pessoas ainda trabalham em formas análogas à escravidão.
Nesta segunda-feira, como parte da 111ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho, a OIT vai assinalar marcar o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, num evento que tem como objetivo explorar a conexão entre a justiça social e a erradicação do trabalho infantil.